sábado, 17 de setembro de 2011

como eu sobrevivi.

Carrego sobre os meus ombros o peso de inaugurar este inspirado recanto de contemplação e intelecto, mas prometo que o faço com uma boa história - daquelas que envolvem perseguições, alemães ricos e hotéis de cinco estrelas.
Começa a minha narração de forma vulgar, no decorrer de um pacato fim de tarde na cidade de Bruxelas, após um magnífico repasto no requintadíssimo Subway. Percorrendo as ostentosas ruas do centro da supracitada cidade, eu e a Francisca compreendemos o quanto esta tem para oferecer - chocolates, waffles, doces, gomas, pães, pizzas, batatas fritas, boinas brilhantes e elevadíssimos saca-rolhas do manneken-pis, onde a extremidade que saca a rolha (aquela enroscada, sim) faz as vezes do membro viril da criatura.
Após este delírio consumista sem consumo, a hora de voltar à minha terrugem aproximou-se.  Preparava-me eu para me dirigir pacatamente à estação de autocarros, quando um rapaz aleatório mete conversa comigo a perguntar onde era a Gare du Nord (o local para onde eu me dirigia). Na minha inocência respondi-lhe, acreditando pelo seu aspecto que se encontrava tão deslocado naquele local quanto eu. Mas ele continuou a falar. E a aproximar-se muito de mim. E a perguntar se eu tinha namorado. Disse-lhe que estava casada e que me chamava Luísa. Ele não me largou. Começou a abraçar-me. Tentou beijar-me. Nesta altura, já a entrar em pânico ao ver que todos os cafés dos arredores se encontravam fechados, larguei em corrida na direcção de um casal de irmãos com aspecto simpático e expliquei-lhes dramaticamente a minha situação. Fazendo jus ao julgamento que deles tinha feito, a rapariga convidou-me a ir com eles até ao hotel onde se encontravam hospedados e a ficar lá um bocado para depois pedir a direcção de uma paragem de autocarro alternativa. Soube que eram alemães e que o hotel onde se encontravam hospedados era o Sheraton (no que toca a ser salva por pessoas aleatórias, eu não faço por menos). Assim, sentei-me com cara de vaca que aterrou na lua, no sofá do dito hotel, recuperando a temperança sob o olhar inquiridor da senhora mãe deles que não compreendia o porquê da minha presença ali. Ao fim de algum tempo, a rapariga levou-me ao concièrge do hotel que não só me deu as indicações necessárias, como ainda me escoltou até à paragem mais próxima.

E eu disse:"I wish I was a guy."

A um concièrge do Sheraton.

1 comentário:

  1. Pronto, Lídia, estou sem conseguir acreditar nessa história, no mínimo incrível, e no máximo mais extraordinária do que a soma de todas as minhas histórias de erasmus elevada a sete mil e quinhentos!!!!!! :OOOO

    LOOL adorei tudo, a tua frase dita ao concierge do Sheraton, o facto de estares completamente penetra no sofá do Sheraton, é tão à filme. Sempre te disse que para conhecer homens ricos que era preciso um certo trabalho, mas tal situação superou todas as minhas lições!! Mas o rapaz não correu atrás de ti?? Como é que conseguiste escapar-te dos braços dele?? In.crí.vel.

    Bem, se ser quase violada numa paragem de autocarro e escoltada logo a seguir por um concierge do Sheraton não te fizer explodir o ego, não sei de mais nada que possa fazê-lo! Estou fascinado!!!

    Ah, e quando conseguir fechar a boca depois disto, vou odiar-vos para sempre.

    ResponderEliminar